Viva intensamente

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Te dou o céu amanhã

Passava das três e meia da manhã. Ele já não conseguia olhar para o lado sem se sentir arrependido. Ela dormia. Parecia flutuar em sono profundo. Ele fechara os olhos por três vezes. Não conseguira dormir. O porquê:
1 – Na primeira vez viu a família reunida, a garota chegando e se apresentando a todos como sua namorada, a vontade de desmentir, a empolgação dela, o medo de magoá-la;
2 – Na segunda vez se viu andando de mãos dadas com ela no shopping, parando para ver vitrines, levando-a para jantar fora, a vontade de dizer que tudo não passava de ilusão, o medo de magoá-la;
3 – Na terceira vez viu a garota saindo do banho, enrolada apenas em uma toalha branca que, de tão limpa, reluzia. Os cabelos pretos molhados, o corpo moreno exalando o cheiro de um tipo de óleo feito de laranja, ou quem sabe limão. Não sabia. Viu uma noite passar como se fossem minutos. Uma maravilha. Sentiu vontade de fugir. Olhou pro lado e se sentiu pela primeira vez arrependido do que fez. Novamente sentiu vontade de fugir. Sentiu medo de magoá-la.
Não fugiu, ficou. Afinal era a mulher mais bonita, inteligente e interessante que se relacionara nos últimos meses. Por que não tentar algo sério? Não se sentia pronto para responsabilidades maiores. Precisava viver, e viver não incluía relacionar-se seriamente com alguém.
Cinco e quinze da manhã ela se virou na cama ficando de frente para ele. Agora dava pra perceber. Era linda. Seus cabelos caiam no rosto, negros, cobrindo metade da sua face que passava uma impressão de uma falsa inocência provocante. Sonhava. Estava sorrindo. Provavelmente sonhava com mais um jantar ou viagem com ele. Sentiu vontade de beijá-la. Logo passou.
Sete e vinte da manhã e ele não havia dormido sequer um minuto. Olhou novamente para o rosto lindo dela. Resolveu beijá-la. Beijou-a. Na testa. Proferiu em tom de voz baixo, como se quisesse que apenas ele escutasse: “Hora de ir”. Ela levantou suas pálpebras demonstrando certo esforço. Os olhos ainda demonstravam um pouco de cansaço, estavam baixos, um pouco distante dos olhos grandes e negros como jabuticaba que apareciam em sua face angelical antes de irem para o Hotel. Levantou-se. Olhou o céu azul e o Sol que iluminava a vegetação. Deitou-se novamente.
Enquanto ele vestia suas roupas, ela, deitada apenas com a roupa que Deus lhe deu para cobrir ossos e músculos, começou a dizer:
- Posso te fazer três pedidos?
Meio assustado e ainda com sono ele responde:
- É claro!
- Eu quero você pra sempre, quero a luz das estrelas e o céu. – disse ela em tom de brincadeira.
- Infelizmente eu só posso te dar uma dessas coisas. – respondeu.
“Te dou o céu amanhã.“ Pegou suas coisas e saiu.

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